segunda-feira, 28 de julho de 2008

Um desabafo sobre derrapagens, enganos e erros...

Oi pessoal

são 3 da manhã em Montana e estou a ter um ataque de insónia. Ao fazer uma retrospectiva das coisas que se têm passado últimamente com a construção da nossa tão desejada casinha, não é de admirar que me falte o sono. Acho que todas as construções têm destas coisas, mas só quando as vivemos na pele é que nos apercebemos delas. As derrapagens económicas que temos tido durante a construção são largamente maiores do que alguma vez pensámos. Algumas foram devidas a informações erradas, outras a erros da equipa responsável pela construção e outras devidas a caprichos nossos de última hora.
Tudo começou há mais de um ano atrás, quando nos começámos a informar sobre as técnicas de construção que iriamos utilizar na construção da nossa casa. Depois de algumas reticencias optámos por utilizar um revestimento térmico promissor, o Hotskin da Maxit. Visitámos o stand da Maxit na Tektónica em Lisboa, e os técnicos presentes garantiram-nos que o material é de grande qualidade e que os resultados são excelentes. Esses mesmos técnicos, garantiram-nos que se optássemos pela solução construtiva com blocos térmicos na parte da alvenaria, nem sequer precisaríamos de aplicar um reboco exterior na casa. O Hotskin funcionaria perfeitamente aplicado directamente no bloco térmico.
O tempo passou e essa informação foi levada a sério por nós. Na altura de fazer o contrato com a nossa construtora, esse ponto ficou assente em papel: a obra não iria ser rebocada por fora. No entanto a lei de Murphy dizia exactamente o contrário. Depois de acabada a alvenaria, o nosso construtor sugeriu que a obra deveira ser rebocada pois tinha ouvido rumores sobre a aplicação do Hotskin da Maxit ser mas fácil em reboco. Depois de algumas considerações da nossa parte, optámos por avançar com o reboco exterior. Resultado, uma derrapagem de cerca de 4200€.
Acontece agora que, um ano depois da Maxit nos ter dito que não era necessário reboco, esta mesma empresa aconcelha todos os seus clientes a rebocar as obras. Erro nosso? Não! Quem pagou? Nós.
Mas esta não foi a primeira... Durante a fase de construção da superestrutura, um erro de comunicação entre o gabinete de engenharia que acompanha os trabalhos em obra e a construtora, levou a que o pé direito da casa subisse cerca de 15 cm. Aqui fora 1800€ em material extra. Erro nosso? Não! Quem pagou? Nós.
As situações seguem-se. Algo de parecido aconteceu com a pré-instalação do painel solar. Na altura da assinatura do contrato, a nossa construtora comprometeu-se a executar todas as coisas que não estavam descritas na memória descritiva anexa ao contrato tal e qual como elas estão previstas no projecto de construção. O sistema de painel solar que está esquematizado nas peças desenhadas do projecto é um sistema forçado que visa o contentor de água num sítio afastado do painel solar. Devido a uma falta de atenção da nossa contrutora ao analisar o projecto na altura do orçamento, esse mesmo sistema foi considerado normal. Ora o sistema forçado é bem mais caro que o sistema normal. Na altura da execução da pré-instalação esta situação deu confusão pois a construtora quis-nos cobrar a totalidade da pré-instalação. Após negociações, e por achar que talvez não tivessemos sido o suficientemente claros na altura do contrato, decidimos suportar metade das despesas da pré-instalação. Resultado, cerca de 500€ a pagar.
Outras situações que não ficaram claras na altura do contrato também acabaram por nos ir ao bolso. Vamos ter que pagar algo como 35€ por cada ponto de luz (tomadas, interruptores, etc) que pusermos acima do limite estabelecido pela empresa, limite esse do qual não tinhamos qualquer conhecimento. E acreditem que o limite não é elevado... A mesma coisa com as portas!!
A empresa só prevê gastar 500€ com as portas exteriores. O tipo de portas exteriores que pensavamos ter contratualizado também não corresponderam àquilo que estavamos à espera. Assim sendo, só pelas portas de exteriores vamos ter que pagar cerca de 1500€ a mais.
Houve uma parede que o contrutor se precipitou e executou com bloco térmico. Digo que se precipitou pois essa parede seria futuramente revestida a pedra, e as paredes a revestir não são de bloco termico. O gabinete de engenharia não apresentou a solução a tempo? Não sei... O que sei é que aí foram 150€. O jogo do empurra entre construtora e gabinete de engenharia também é algo ao qual a nossa obra não escapou. Mas nem vou por aí...

Outras situação foram caprichos nossos: isolamento acústico entre as paredes dos quartos: 315€; pré-instalação de video-porteiro e alarme: 350€; uma pala em betão entre a garagem e a cozinha, para não apanharmos chuva quando saimos do carro com as compras: 200€. Decidimos também fazer a casinha do gás um pouco afastada da casa. Essa casinha do gás (1m x 0.5m x 2m) e as ligações de tubo custaram 1400€, dá para acreditar?
Mas as coisas não acabam por aqui. Decidimos também fazer um upgrade ao modelo de estores e às caixilharias de alumínio. O montante total ainda não é certo mas tudo junto vai dar perto dos 5000€. Há coisas em que vale a pena investir, pois se não forem feitas agora, nunca mais o serão. Outras, tenho algumas dúvidas...

E ainda há coisas por fazer! Elevar o terreno em frente à casa: X; Calçada em torno da habitação: X; o orçamento para o muro de contenção de terras na parte oeste é cerca de 3500€; rochas de contenção de terreno na parte este: X. E estas são só para enumerar algumas das que sabemos. Resta esperar que as despesas que vão vir e que não conhecemos não sejam grandes. O clima de crise económica que vivemos, as taxas de juro a subir esponensialmente, os fundos a cair a pico, também não ajudam em nada o nosso animo... Haaaa, resta acrescentar que a todos os montantes referidos anteriormente acresce o valor do nosso amigo IVA!!!!
Se as coisas continuarem a este ritmo, daqui a algum tempo, estaremos a trabalhar na parte de trás do hotel Eva há noite, para podermos suportar as despesas.




Fica aqui então alguns concelhos para quem está a pensar em fazer casa:
1) Tentem fazer com que no vosso contrato de contrução estejam por escrito o máximo de itens possíveis. Tentem falar com quem construiu casa há pouco tempo para se informarem dos infinitos pormenores e truques a usar na construção.

2) Estejam atentos à construção o máximo possível. A industria de construção em Portugal tem fama de não ser muito organizada, e facilmente se encontram grandes faltas de comunicação dentro das empresas de contrução. Essas faltas de comunicação têm muitas vezes como resultado, trabalhos, despesas e chatices para vocês.

3) Informem-se com terceiros sobre a qualidade dos trabalhos executados. A menos que sejam engenheiros cívis ou percebam de construção, é muito fácil comer gato por lebre.

4) As soluções mais baratas nem sempre devem ser a opção. Há coisas que vale a pena investir ao princípio pois oferecem uma garantia redobrada e melhores prestações. Essas coisa irão influenciar a vossa qualidade de vida e diminuir a possibilidade de despesas futuras.

5) Optimizem as escolhas. Na altura de escolher materiais para a casa, azulejos, revestimentos, madeiras, etc, percam algum tempo, vejam as várias opções e escolham acertadamente. A menos que realmente vos apareça algo melhor, mantenham as escolhas iniciais. Isto evita que percam vários dias a ver lojas para escolher uma coisa que já tinham escolhido. É na minha opinião tempo perdido...

6) Tentem levar a coisa o mais descontraidamente possível e tentem não stressar (o que por vezes é mesmo muito muito difícil). Apenas ganham cabelos brancos e rugas, pois as pessoas com quem vocês se estão a stressar provavelmente estão-se lixar para o que vocês sentem. Não vale mesmo a pena!

1 comentário:

Bentes disse...

apesar de vir com um mês de atraso espero que as tuas insónias e preocupações (pelo menos as maiores) tenham passado e que vocês estejam mais optimistas! Abraço do Bentes.